terça-feira, 20 de novembro de 2007

A minha primeira aula

Era muito pequenina! Naquela manhã fria, a minha mãe muito docemente foi acordar-me. Vestiu-me, deu-me o pequeno almoço… Pegou em mim. Levou-me com ela, cheia de ternura.
Lá fui.
Ainda um pouco a dormir, ouvi barulhos. Pareciam gritos! Mas não eram. Incitavam-me! Apenas crianças, como eu, bem despertas, que juntas faziam aquela enorme feira. Os pais sorriem!
Ao olhar para tudo isto, comecei a perceber o que me esperava – a Escola. Era o primeiro dia de aulas!
- O que é uma Escola, mãe? – perguntava. - Vou aprender muitas coisas? E estes meninos todos são meus amigos?
A minha mãe respondia-me para ser uma menina bonita, que tivesse calma, que esperasse… que eu iria descobrir tudo em pouco tempo.
Às oito e trinta, chegaram uns senhores que eu não conhecia. Falaram com os nossos pais.
Depois, levaram-nos para uma sala. Os pais e as mães foram-se embora. Não gostei nada desta parte. Estava habituada a estar sempre com a minha mãe!
Entrámos para a sala. Muito curiosas, olhávamos para aquelas coisas muito estranhas. Um daqueles senhores ficou connosco. Disse que era o nosso professor, que se chamava Fernando... Também nos perguntou o nome. Disse que éramos muito bonitas! Quis saber onde era a nossa casa, se éramos amigos e outras coisas.
Depois brincámos. Dentro da sala fizemos riscos, vimos muitas figurinhas e desenhos. Tinha passado muito tempo. No pátio da escola, corremos uns com os outros. Também jogámos e fizemos muitas brincadeiras. Assim nos fomos entretendo...
Na sala, já éramos amigas. Nas mesas por onde nos sentámos, os papéis, as tintas começaram a fazer parte da nossa vida. Às vezes a falta de jeito ou a brincadeira fazia do nosso espaço uma tela encantada. As nossas mãos entravam na bagunça e nem as roupas escapavam a toda esta algazarra. Sujámos tudo? Não! Pintámos tudo: a cara, as mãos, a roupa, as mesas... Felizes, chamávamos o senhor professor para ajudar à nossa confusão.

Assim foi o nosso primeiro dia de aulas. Partimos à descoberta de um mundo diferente. Até ali o sonho! O mundo dos afectos familiares cedia à nova organização social e educativa. Nós havíamos dado o primeiro passo. Novo mundo se nos abria. Acreditávamos inocentemente na amizade de quem nos rodeava.
Hoje, mais firmes no caminho percorrido, continuamos a desbravar na procura do homem novo que se foi alicerçando: a amizade, a brincadeira dos bancos da escola perdura e resiste ao tempo.

Isabel, 10.º G
Novembro/2007

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